Um Copo de café e quarto de hotel: saiba como a PGR e a PF descobriram que Zé Trovão estava no México

Um Copo de café e quarto de hotel: saiba como a PGR e a PF descobriram que Zé Trovão estava no México

Por Edmilson Pereira - em 3 anos atrás 915

Um copo de café e um quadro na parede foram detalhes suficientes para que investigadores da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Polícia Federal identificassem que o líder bolsonarista Marcos Antônio Pereira Gomes, o Zé Trovão, estava foragido na Cidade do México desde a semana passada, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ordenou a sua prisão por articular e incentivar atos antidemocráticos no 7 de setembro.

Mesmo foragido, Zé Trovão continuou divulgando diariamente diversos vídeos para sua rede de contatos, nos quais incitava uma paralisação nacional de caminhoneiros a partir do 7 de setembro com o objetivo de pressionar o Senado a dar prosseguimento ao impeachment de ministros do STF.

Foram nesses vídeos que o bolsonarista deu as pistas necessárias para que os investigadores chegassem ao seu encalço. A Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal detectaram que Zé Trovão deixou o Brasil no final de agosto, antes da ordem de prisão de Moraes. Segundo fontes que acompanharam o caso, o bolsonarista saiu do país pelo aeroporto de Guarulhos em um voo para o Panamá, onde posteriormente pegou uma conexão para o México. Depois de rastrear esse trajeto, os dois órgãos ainda buscavam se assegurar que o bolsonarista continuava em território mexicano.

Em um dos vídeos divulgados por ele na semana passada, Zé Trovão aparecia segurando um copo de café da rede mexicana Cielito Querido Café. A paisagem ao fundo também indicava se tratar de uma loja da rede.

O ministro Moraes foi sendo informado de todos os passos dos investigadores na busca do bolsonarista.

Outro indício que apontou para a PF que ele continuava naquele país foi o fato de terem detectado que o blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio, investigado anteriormente por atos antidemocráticos, também estava na Cidade do México. Eustáquio chegou a participar de lives com Zé Trovão depois da ordem de prisão emitida por Moraes. Por isso, os investigadores desconfiaram que estivessem juntos.

Ao final, foi uma gravação posterior, divulgada ontem pelo bolsonarista, que selou o seu destino. O vídeo mostrava o quarto do hotel de Zé Trovão, com dois quadros ao fundo. Com isso, os investigadores conseguiram rastrear imagens semelhantes do estabelecimento hoteleiro, identificando qual era o estabelecimento onde ele estava.

Por isso, hoje cedo, autoridades brasileiras fizeram contato com o hotel para confirmar se Zé Trovão realmente estava no local e obtiveram a sinalização positiva. A partir de então, a prisão do bolsonarista se tornou apenas uma questão de tempo. Depois disso, o STF pediu a inclusão do nome do bolsonarista na lista de procurados da Interpol e obteve a ordem judicial de difusão vermelha, como mostrou a colunista Bela Megale.

Em nota, a defesa de Zé Trovão disse que o México só teria obrigação de prender e extraditar seu cliente caso ele já tivesse uma condenação e que, na avaliação da defesa, ele não poderá ser preso. “Ele está decidindo se ficará no México ou irá para outro país, dentre os quais analisa a possibilidade dos Estados Unidos”, afirmam os advogados Levi de Andrade e Alexandre Zeigelboim. A interpretação, entretanto, é contestada pelos investigadores, que dizem que o mandado de prisão preventiva expedido pelo STF é suficiente para a extradição.

Fonte: Paraíba Notícia e o Globo