PT da Paraíba decide manter apoio político ao governo João Azevêdo, embora avalie que o governador optou por um partido de direita ao se filiar no Cidadania
Por Edmilson Pereira - em 4 anos atrás 664
O Partido dos Trabalhadores da Paraíba anunciou neste sábado (14) que vai continuar dando apoio político e participando da gestão do João Azevêdo. O PT faz críticas a decisão do governador de optar por se filiar ao Cidadania, legenda aliada do governo Bolsonaro, um governo ultraliberal, fascista e de direita. Mesmo fazendo essas ressalvas, os petistas paraibanos justificam a opção de continuar apoiando governo de João Azevêdo, argumentando que o mesmo, que foi eleito pelo PSB, tem mantido uma agenda de desenvolvimento social para aqueles(as) que mais precisam das políticas públicas
RESOLUÇÃO SOBRE O GOVERNO JOÃO AZEVEDO
O Brasil vive atualmente as consequências políticas, econômicas e sociais da eleição de um governo conservador, ultraliberal, fascista e de direita. O golpe dado na democracia com a deposição da Presidenta Dilma e a prisão e impedimento do Presidente Lula de disputar a eleição foram episódios decisivos para levar ao governo um presidente de extrema-direita, com uma trajetória assumidamente antidemocrática, cujo único objetivo é implantar uma agenda de destruição do país, da soberania, dos direitos e das liberdades. Um governo que cria desemprego, pobreza, fome e que todos os dias agride a Constituição.
O Nordeste é uma trincheira de resistência política ao fascismo e um pólo de desenvolvimento pujante. Isso porque, entre 2003 e 2013, a região teve um crescimento econômico de 4,1% ao ano, enquanto o País ficou na marca de 3,3%. É inevitável e justo rememorar que tal desempenho deveu-se ao imenso legado deixado pelos governos federais petistas, pois, de fato, a combinação entre políticas sociais inclusivas e grandes obras de infraestrutura criou as condições necessárias para um novo salto de desenvolvimento no Nordeste, o qual se concretizou na economia, na educação, na saúde, na atração de investimentos, na inclusão social e numa notável evolução da renda per capita das pessoas. Tudo isso levou a uma inédita mudança progressiva na pirâmide social nordestina.
Assim, os governadores do Nordeste procuram dar continuidade a esse legado virtuoso dos governos Lula e Dilma para a região. O Consórcio Regional, por exemplo, é um instrumento de resistência, pois visa a manutenção e ampliação do desenvolvimento conquistado, mas atualmente ameaçado e a proteção contra as políticas de desmonte do governo federal. Mas não é só isso. O Consórcio Regional é, acima de tudo, um movimento de resistência política ao modelo neoliberal e de direita.
Quanto à agenda política da Paraíba, não se pode negar que a filiação do Governador ao Cidadania é uma opção conservadora, fora do nosso campo político, pois esse partido faz parte da base de sustentação do governo Bolsonaro, apoiando ações e projetos no Congresso Nacional que retiram direitos históricos dos trabalhadores e da classe mais pobre.
A decisão do Governador em se filiar a uma determinada agremiação política é um direito dele e do seu grupo, porém entendemos que foi uma má escolha, por tratar-se de um partido de centro-direita. Mesmo assim, o PT reafirma o seu compromisso com a pauta que nos colocou na aliança política que elegeu João Azevedo e reconhecemos que o seu governo tem mantido uma agenda de desenvolvimento social para aqueles(as) que mais precisam das políticas públicas.
Um governo que através da Secretaria de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento do Semiárido, por exemplo, tem realizado políticas e ações fundamentais para o desenvolvimento de um setor estratégico para o Estado ao fortalecer o agricultor familiar com o fomento às sementes crioulas, a certificação da produção e o apoio às famílias de trabalhadores e trabalhadoras rurais, sem esquecer, evidentemente, de promover ações e projetos sustentáveis de convivência com o Semiárido. Assim, estamos construindo uma verdadeira reestruturação da Agricultura Familiar na Paraíba, inserindo esse segmento na Política de Estado.
Destacamos, ainda, avanços significativos na relação com setores importantes da sociedade paraibana, a exemplo da Comissão Estadual de Prevenção à Violência no Campo e na Cidade (COECV), que respeita os Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra e, também, os Sem Teto. Também ressaltamos a criação do Comitê Inter Poderes de Acompanhamento e Implementação de Políticas para Pessoas em Situação e Moradores de Rua – CIANP e o diálogo franco e direto com os atingidos por barragens, através do MAB, para criação de agrovilas para os atingidos pela barragem de Acauã. Salientamos, ainda, a implantação, de forma inédita, do, programa de habitação social, construído com as entidades do Fórum Estadual de Reforma Urbana da Paraíba superando os cortes financeiros do governo federal. Finalmente, não poderíamos deixar de citar a política de diminuição da criminalidade, a realização e a convocação dos aprovados nos concursos realizados e a consolidação do projeto de política pública para o Sistema Socioeducativo, o qual reduziu em mais da metade o número de adolescentes e jovens nas Unidades de Internação.
Entretanto, o PT da Paraíba defende um melhor diálogo e o aprofundamento das relações com as entidades de classe representativas dos servidores públicos por uma política de valorização salarial e de melhores condições de trabalho, construindo e implementando políticas públicas inclusivas que se contraponham frontalmente ao governo Bolsonaro.
Por fim, conclamamos homens e mulheres da Paraíba, trabalhadores e trabalhadoras, a seguir conosco resistindo às políticas nefastas do governo Bolsonaro e a manter o apoio ao governo João Azevedo, pois entendemos que a Paraíba e o Nordeste constituem um espaço de resistência, de políticas de inclusão e de desenvolvimento para o povo.
João Pessoa, 14 de Março de 2020.