OPINIÃO: O adeus ao cardeal dos cardeais; o inigualável Roosevelt Vita

OPINIÃO: O adeus ao cardeal dos cardeais; o inigualável Roosevelt Vita

Por Edmilson Pereira - em 5 anos atrás 991

Noite de 24 de julho de 2019. Após longo dia de trabalho, recebo a triste notícia da partida de um grande amigo, o inigualável Roosevelt Vita.

Ainda ao meio dia, meu pai, Johnson, comunicava-me que Roosevelt estava hospitalizado. Apesar do aperto em meu coração, tive a certeza de que seria mais um desafio que o Cardeal enfrentaria com a fortaleza que lhe era peculiar.

Roosevelt era a personificação da célebre frase de Euclides da Cunha: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”. Isso me trazia a certeza de que, mais uma vez, o Cardeal sairia vitorioso dessa mais recente adversidade.

Lembro-me bem da tarde em que, após meses em São Paulo enfrentando a doença, o Cardeal me convidou para seu triunfante retorno ao tradicional almoço do restaurante Classic. Lá, ao lado de seletos amigos e familiares, comemoramos mais uma vitória do grande Roosevelt. Não sei se por coincidência ou em decorrência do carinho que nutria por ele, estive sentado ao seu lado (como sempre ocorria em outros encontros).

Sempre senti muito prazer em desfrutar da companhia do Cardeal. Vaidoso (no bom sentido), Roosevelt exalava sabedoria. Era um conhecedor singular da sofisticada gastronomia e um destacado apreciador de bons vinhos. Gostava de se vestir bem e de viajar para os principais centros culturais do mundo. Sempre procurei absorver seus ensinamentos, muito mais ouvindo do que me expressando – não era fácil tomar a palavra quando com ela estava o grande Cardeal!

Sempre expus ao Cardeal o meu agradecimento pelo seu gesto para com o meu pai. Em um momento de extrema dificuldade pela qual passou minha família, Roosevelt foi quem nos deu a mão e demonstrou o verdadeiro significado de uma sincera amizade.

O Cardeal tinha uma personalidade muito forte. Defendia com veemência seus pontos de vista. Para quem não o conhecia com maior proximidade, Roosevelt chegava a gerar um certo receio. Mas, na verdade, o coração do Senador (como também eu o tratava) era de uma bondade infinita.

Presenciei gestos de solidariedade do Cardeal que ele preferia ocultar. Um deles quando um flanelinha que trabalhava no estacionamento do Classic foi atropelado e faleceu. Toda a assistência à família foi oferecida por Vita. Esse e outros gestos faziam parte de sua vida, sempre com discrição.

Nosso Roosevelt tinha também muito orgulho da família e dos amigos. Sempre falava com muita satisfação da vida profissional e acadêmica de Jonathan, seu filho. Ficou extremamente feliz quando seu sobrinho, Raoni, elegeu-se vice-presidente da OAB/Paraíba. Foi um entusiasta da candidatura de seu sócio, Carlos Fábio, à presidência de nossa Ordem. Vibrou quando conquistei espaço destacado na administração do Distrito Federal. Enfim, o Cardeal se sentia feliz com o sucesso das pessoas que admirava.

A trajetória de Roosevelt ficará marcada na história da Paraíba e no coração dos seus amigos e admiradores.

Vá em paz, meu amigo. O Cardeal dos Cardeais!

Edward Johnson