Dirigido pelo Procurador Eduardo Varandas, curta paraibano sobre “cura gay” concorre em festival internacional de cinema em direitos humanos

Dirigido pelo Procurador Eduardo Varandas, curta paraibano sobre “cura gay” concorre em festival internacional de cinema em direitos humanos

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O curta paraibano “Cura-me”, escrito e dirigido pelo Procurador Eduardo Varandas, concorre ao  prêmio de melhor no filme no “Human Rights Film Festival Brazil”. O filme foi lançando no 15º Fest Araruda e ganhou, na mostra sob o céu o nordestino, os prêmios de melhor roteiro (do próprio Varandas) e melhor atriz (Ingrid Trigueiro).

O “Human Rights Film Festival Brazil” tem o apoio da ONU, UNESCO, Save the Children e UNAIDS e visa a premiar e divulgar produções audiovisuais que colaborem na luta pela proteção dos direitos humanos. Na edição deste ano, concorrem filmes da Alemanha, Dinamarca, Irã,  Turquia, Canadá, Grécia, Filipinas, Gana, Afestanistão,  e outros países. Além do paraibano “Cura-me”, participa também o filme brasileiro “Jadzia” estrelado pela atriz global Laura Cardoso.

Produzido pela Castanhola Filmes, a obra “Cura-me” não contou com patrocínio público ou privado. “Preferimos fazer o que se chama de cinema guerrilha, reunimos uma boa equipe com vontade de fazer arte pela arte, e fomos em frente”, pontuou Varandas.

A estória do filme, baseada em três casos reais, conta os percalços do jovem e atormentado “Mateus” (Micaell Wouglle) que busca a psicóloga religiosa “Heleonora” (Ingrid Trigueiro) para a suposta cura de sua homossexualidade.

“A temática do curta é bem atual, haja vista que, ainda em 2017, fora concedida liminar, pela Justiça Federal, permitindo que psicólogos aplicassem terapias de redefinição sexual, proibidas pelo Conselho Federal de Psicologia. Mesmo cassada a decisão, temos ciência de utilização dessas técnicas por alguns profissionais que sobrepõem a sua religião sobre a ciência e causam grandes danos psíquicos aos pacientes, inclusive o suicídio.”, justificou o diretor.

A importância da discussão do tema

Desde 2016, o Grupo Gay da Bahia (GGB) inclui o suicídio (tema abordado pelo filme) em seu levantamento de mortes de LGBTs. Naquele ano, foram 26 registros, contra 100 casos em 2018, um aumento de 284% no período.

Segundo dados do Ministério da Saúde, o suicídio é a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil (a faixa etária do personagem do filme). O público LGBT tem seis vezes mais chance de cometer o ato, de acordo com a revista científica americana “Pediatrics”. Ainda para a publicação, o risco de suicídio é 21,5% maior quando LGBTs convivem em ambientes hostis à sua orientação sexual ou identidade de gênero.

A causa desses altos índices decorre, dentre outros fatores, da autorrejeição, da dificuldade de integração social e de outros traumas sofridos e, nesse ponto, o filme pontua a gravidade das terapias de cura de homossexualidade através de métodos cruéis.

 O filme, traduzido em inglês para “Heal me”  pode ser assistido gratuitamente no dia de hoje no sítio do festival: http://www.festinval.com/ . No mesmo site, você pode votar no seu predileto.