COVAXIN: Entenda as críticas à vacina indiana contra a Covid-19 que despertou interesse de clínicas privadas brasileiras

COVAXIN: Entenda as críticas à vacina indiana contra a Covid-19 que despertou interesse de clínicas privadas brasileiras

Por Edmilson Pereira - em 3 anos atrás 568

Produzida na Índia pelo laboratório Bharat Biotech, a vacina Covaxin, que despertou o interesse de compra pela Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC) para comercialização no Brasil, vem sendo questionada por especialistas indianos sobre a falta de transparência de seus estudos clínicos. As críticas ao imunizante ocorrem pois a empresa ainda não divulgou dados de eficácia e segurança e ainda há um teste de fase 3 em andamento.

Após a aprovação do uso emergencial do imunizante na Índia, as clínicas particulares brasileiras passaram a articular a compra de 5 milhões de doses da vacina. A ABCVAC, entidade com 200 associadas e que representa 70% do setor no Brasil, enviou uma delegação à Índia para conhecer detalhes do imunizante.

Criticada por especialistas indianos

No entanto, no próprio país asiático, a aprovação da Covaxin da Bharat Biotech, desenvolvida com a Organização Central de Controle Padrão de Medicamentos (a organização de vigilância sanitária da Índia), está gerando uma série de reações de especialistas da indústria e de cientistas.

Em um documento publicado em resposta à decisão do governo indiano de aprovar o imunizante, a associação independente de vigilância sanitária do país All India Drug Action Network afirmou estar “chocada” com a forma como se deu o processo. Segundo a agência, a decisão levantou “preocupações significativas decorrentes da ausência de dados de eficácia”.

]Perguntada sobre o que ela achou dos estudos apresentados pelas autoridades indianas para justificar a aprovação do uso emergencial do imunizante, a cientista disse que “não tenho ideia. Eu nunca vi nada parecido”.

Também foi contestada por especialistas a velocidade com que a pesquisa foi realizada. A previsão era que os imunizantes fossem disponibilizados somente em fevereiro ou março. A fase 3 está em andamento desde novembro e envolve aproximadamente 26 mil voluntários.

Primeiro-ministro comemora

Porém, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, comemorou no Twitter a aprovação da Covaxin: “Parabéns aos nossos cientistas e inovadores dedicados”, publicou.

A presidente da Bharat Biotech, Krishna Ella, também defendeu sua empresa e a aprovação da vacina em uma entrevista coletiva online na segunda-feira.

“Eu quero dizer que dói como cientistas. Trabalhamos 24 horas. Merecemos esse tipo de crítica das pessoas?” afirmou Ella, acrescentando que sua empresa estaria sendo atacada por ser indiana.

Segundo publicou a BBC, o controlador-geral de medicamentos da Índia, V. G. Somani, afirmou que a vacina é “segura e fornece uma resposta imunológica robusta”.

Ele disse ainda que as vacinas foram aprovadas para uso restrito no “interesse público como uma precaução, em modo de ensaio clínico, para ter mais opções de vacinação”, sem explicar o que seria o uso em “modo de ensaio clínico”.

Como funciona a Covaxin

A Covaxin foi desenvolvida pelo Bharat Biotech em conjunto com a Organização Central de Controle Padrão de Medicamentos. O imunizante é administrado em duas doses com intervalo de duas semanas entre elas. Desta forma, induz um anticorpo neutralizante, que provoca uma resposta imune.

Porém, sua taxa de eficácia, por exemplo, ainda não foi divulgada. Segundo fontes da agência Reuters, ela seria superior a 60%. A Organização Central de Controle Padrão de Medicamentos da Índia também ainda não se pronunciou sobre a eficácia do imunizante.

Uso no Brasil

Na segunda-feira (04), a desenvolvedora da vacina indiana Covaxin informou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que avalia tanto a condução de ensaios clínicos de fase 3 no Brasil quanto a submissão de pedido de registro definitivo do imunizante no país.

Em reunião com a Anvisa, o laboratório Precisa Farmacêutica, que representa a empresa Bharat Biotech no país, afirmou que ainda vai definir sua estratégia para o Brasil. Para poder ser aplicada no Brasil, a Covaxin precisa receber a autorização para uso emergencial ou o registro definitivo da Anvisa.

Fonte: Paraíba Notícia e o Globo