Sob a presidência de Gabriel Galípolo, Banco Central eleva Selic para 13,25% ao ano e reafirma previsão de nova alta de 1 ponto em março

Sob a presidência de Gabriel Galípolo, Banco Central eleva Selic para 13,25% ao ano e reafirma previsão de nova alta de 1 ponto em março

Por Edmilson Pereira - Em 3 semanas atrás 1135

Na estreia de Gabriel Galípolo, escolhido e nomeado pelo presidende Lula, o Banco Central decidiu elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, de 12,25% para 13,25% ao ano, nesta quarta-feira (29). O BC ainda repetiu a sinalização de que deve aumentar a taxa em mais 1 ponto percentual na próxima reunião, em março, quando a Selic chegaria a 14,25%, retomando o mesmo nível da crise do governo de Dilma Rousseff (2015-2016).

Na estreia de Gabriel Galípolo na liderança do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central decidiu elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, de 12,25% para 13,25% ao ano, nesta quarta-feira. O BC ainda repetiu a sinalização de que deve aumentar a taxa em mais 1 ponto percentual na próxima reunião, em março, quando a Selic chegaria a 14,25%, retomando o mesmo nível da crise do governo de Dilma Rousseff (2015-2016).

Com a decisão de hoje, a Selic retoma o mesmo patamar de agosto de 2023. Esse é o quarto aumento consecutivo dos juros básicos nesse ciclo de aperto, que foi iniciado em setembro do ano passado. No acumulado, a taxa já subiu 2,75 pontos percentuais.

O novo aperto de 1pp, porém, já era amplamente esperado pelo mercado financeiro e pelo mundo político, já que seguiu o plano traçado em dezembro para debelar um cenário mais adverso para a inflação. A alta nos preços está no topo das preocupações do governo Lula, que viu sua aprovação cair cinco pontos na última pesquisa Genial/Quaest, divulgada na segunda-feira.

“Diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões”, disse o BC, no Copom de dezembro, se referindo aos encontros deste mês e de março.

A orientação do BC em dezembro gerou a expectativa da nova alta de 1 ponto percentual, unânime no mercado financeiro, de acordo com as 120 instituições consultadas pelo Valor Pro, mesmo com notícias negativas para o cenário inflacionário desde dezembro.

Naquela época, as projeções do Copom já estavam acima da meta. Para 2025, era de 4,5% e no segundo trimestre de 2026, de 4,0%, horizonte que o BC mirava para atingir o objetivo. A meta é de 3,0%, com intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%.

Desde dezembro, as expectativas inflacionárias do mercado financeiro se distanciaram ainda mais da meta para todos os horizontes monitorados pelo BC, mesmo com o aumento da Selic prevista para o fim deste ano no Boletim Focus, agora em 15%. Os juros básicos mais altos funcionam como um freio para o crescimento econômico e para a inflação, mas as expectativas não cedem devido ao impacto cambial e a temores políticos e fiscais.

Para 2025, a projeção para o IPCA na Focus é de 5,50%, enquanto, para 2026, é de 4,22%. A partir desta reunião, o BC começou a mirar o prazo do terceiro trimestre de 2026 para entregar a inflação na meta. O horizonte móvel é de 18 meses à frente.

Além da piora significativa nas expectativas de inflação, o Copom também se deparou com uma piora da cotação do dólar ante a última reunião, apesar do alívio no valor da moeda americana nos últimos dias.

Outra novidade negativa foi a paralisação do ciclo de queda de juros pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos na primeira reunião após o retorno de Donald Trump à Casa Branca. As políticas do republicano também trazem mais incerteza para a economia global e, assim, para a condução dos juros aqui no Brasil.

Internamente, afetam o cenário futuro para a inflação a preocupação dos agentes econômicos em relação à trajetória da dívida pública brasileira, especialmente após a frustração com o pacote de corte de gastos apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O Copom ainda considera que a atividade econômica está sobreaquecida. Recentemente, porém, os dados setoriais mostraram sinais de desaceleração. Isso acende um alerta no mercado sobre uma possível reação do governo na forma de novas medidas expansionistas do lado fiscal para sustentar a economia até a eleição de 2026.

Fonte: Agência Globo

Foto: Divulgação/Banco Central