Sem acordo: Israel acusa Irã de violar cessar-fogo e anuncia que vai lançar 'ataque poderoso' contra Teerã

Sem acordo: Israel acusa Irã de violar cessar-fogo e anuncia que vai lançar ‘ataque poderoso’ contra Teerã

Por Edmilson Pereira - Em 4 semanas atrás 663

Na noite passada, Trump anunciou que os dois países teriam concordado com um cessar-fogo — o que foi posteriormente confirmado por Israel. O Irã afirmou que interromperia seus ataques se Israel fizesse o mesmo.

Israel disse que detectou mísseis disparados pelo Irã e acionou seu sistema antimísseis. O governo também orientou seus cidadãos a buscarem os abrigos contra ataques aéreos.

A BBC não conseguiu confirmar que houve um novo ataque do Irã.

O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, ordenou nesta terça que as Forças de Defesa de Israel “respondam energicamente à violação do cessar-fogo pelo Irã com ataques intensos contra alvos do regime no coração de Teerã”.

A mídia estatal iraniana respondeu às acusações de Israel dizendo que o Irã nega ter disparado mísseis após o cessar-fogo.

A nova escalada de violência acontece horas depois de Israel ter concordado com a proposta de cessar-fogo após “atingir os objetivos” de seus ataques ao Irã. Mais cedo, o Irã já havia dito que concordaria com o cessar-fogo se Israel interrompesse ataques.

No comunicado, Israel diz que “infligiu danos severos à liderança militar e destruiu dezenas de alvos do governo central iraniano”.

O comunicado afirma que as forças israelenses, no último dia, “atingiram severamente alvos governamentais no coração de Teerã, eliminando centenas de agentes Basij” — uma milícia que o governo iraniano frequentemente usa para reprimir protestos — e “eliminando outro cientista nuclear sênior”.

“Israel agradece ao presidente Trump e aos EUA por seu apoio à defesa e sua participação na eliminação da ameaça nuclear iraniana”, diz o comunicado.

O cessar-fogo “completo e total” foi inicialmente anunciado na noite de segunda-feira (23/06) pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

Trump afirmou nas redes sociais, por volta de 19h em Brasília, que o cessar-fogo começaria “em aproximadamente seis horas”.

Segundo o republicano, “na 24ª hora” o conflito — que ele chamou de “a guerra dos 12 dias” — terminaria oficialmente. Trump acrescentou que Israel e Irã se dirigiram a ele “quase simultaneamente” falando de “paz”.

Anúncio do Irã

Após a postagem de Trump sobre o cessar-fogo, o primeiro a confirmar que concordaria foi o ministro de Relações Exteriores do país persa, Seyed Abbas Araghchi.

Na rede social X, o ministro disse que os ataques isralenses deveriam parar até 4h da manhã de terça-feira (24/6) em horário local, para que o Irã aderisse ao fim das hostilidades.

“Não temos intenção de continuar nossa resposta depois disso [caso Israel cumpra a condição]”, afirmou Araghchi.

De acordo com a imprensa americana, o primeiro-ministro do Catar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, ajudou a mediar o cessar-fogo. Mais cedo, bases militares americanas no país foram atingidas por ataques iranianos.

Logo após o anúncio feito por Trump, iranianos relataram ouvir explosões no início da madrugada (em horário local), segundo a repórter da BBC Ghoncheh Habibiazad.

Moradores da capital, Teerã, e das cidades de Karaj e Rasht dizem ter ouvido fortes explosões.

As Forças de Defesa de Israel (FDI) emitiram três ordens de evacuação para diferentes distritos de Teerã.

Entretanto, após as 4h da manhã, as explosões pareciam ter parado, segundo moradores.

De acordo com análise de Bernd Debusmann Jr, jornalista da BBC na Casa Branca, caso confirmado, o cessar-fogo será “reivindicado pelo governo [Trump] como uma das vitórias mais significativas da política externa” deste mandato — uma comemoração que não pode ser feita por exemplo sobre a guerra na Ucrânia, cujo fim lhe escapa das mãos”.

“O fim do conflito no Oriente Médio, no entanto, será algo que o presidente e seus aliados apontarão como um progresso tangível, especialmente se for acompanhado do fim do programa nuclear iraniano, algo não alcançado pelos ex-presidentes Clinton, Bush, Obama e Biden”, escreveu Debusmann Jr.

Fonte: BBC/Brasil

Foto: WEB