Processo degenerativo: Casos de doença que pode provocar a perda da visão após os 50 anos devem triplicar

Processo degenerativo: Casos de doença que pode provocar a perda da visão após os 50 anos devem triplicar

Por Edmilson Pereira - Em 4 meses atrás 292

Com o envelhecimento da população, os casos de perda de visão causados por degeneração macular relacionada à idade (DMRI) poderão triplicar nas próximas décadas, projeta um novo estudo publicado na revista científica The Lancet Global Health. Os pesquisadores estimam que o número de pessoas afetadas pela doença no mundo saltará de 8 milhões para 21,3 milhões até 2050.

A DMRI é uma condição progressiva que danifica a mácula, área da retina responsável pela visão central (aquilo que enxergamos à nossa frente, diferentemente da visão periférica). Esse comprometimento acontece principalmente em pessoas mais velhas e, em casos graves, pode levar à perda total da visão.

Analisando o problema, os pesquisadores descobriram que o número de pessoas com o quadro mais do que dobrou entre 1990 e 2021.

Segundo os cientistas, o aumento se deve, provavelmente, ao envelhecimento e ao crescimento populacional. Por essa razão, mesmo com a quantidade absoluta de casos subindo, a taxa proporcional da doença na população teve uma pequena redução: caiu 5,5% nesse mesmo período.

A melhora na estatísticas, dizem os autores, está relacionada principalmente à redução do tabagismo, uma das principais causas evitáveis da doença. Aliás, se o tabagismo fosse eliminado, os números projetados para 2050 poderiam cair de 21,3 milhões de pessoas afetadas para cerca de 19,3 milhões, de acordo com as simulações do estudo.

O que é a DMRI?

Embora as causas para a redução da visão com o passar dos anos sejam diversas, a pesquisa mostra que a DMRI merece destaque. Ela é a principal responsável pela cegueira irreversível após os 50 anos nos países desenvolvidos.

Além disso, dados apresentados pelo Ministério da Saúde, baseados em uma metanálise com números internacionais, sugerem que haja uma prevalência de DMRI no Brasil de 2,2% na faixa etária de 70 a 79 anos e de até 10,3% em indivíduos com 80 anos ou mais.

“A DMRI é um processo degenerativo que afeta a mácula dos dois olhos de forma progressiva, geralmente a partir dos 50 anos”, explica o oftalmologista Mauro Goldbaum, diretor do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV).

A mácula é uma pequena área localizada no centro da retina, no fundo do olho. Essa região abriga células sensíveis à luz que captam informações do ambiente e enviam sinais ao cérebro. Ela é responsável pela visão de detalhes e percepção de cores.

Com a degeneração progressiva dessa estrutura, fica mais difícil fazer tarefas como ler um livro, reconhecer faces ou outras atividades que exigem uma visão mais detalhada.

Quais os tipos de degeneração macular?

“A doença pode apresentar duas formas: a seca (ou não exsudativa) e a úmida (ou exsudativa), e a avaliação dessas duas formas geralmente envolve exames específicos da retina”, diz Goldbaum.

A degeneração dita “seca” começa com o surgimento de drusas, pequenos depósitos de proteínas e gorduras que se acumulam sob a retina. Elas indicam que o “sistema de limpeza” da retina, que deveria removê-las, não está funcionando direito.

Com o tempo, esse acúmulo pode levar à degeneração dos fotorreceptores, as células que captam a luz, o que causa uma atrofia progressiva da mácula. Na maioria dos casos, essa forma evolui devagar e, embora cause perdas visuais, não leva à cegueira.

Em alguns pacientes, no entanto, a DMRI seca pode evoluir para a forma úmida, que é mais grave. Nela, vasos sanguíneos anormais crescem sob a mácula. Eles são frágeis e podem vazar sangue ou líquido – daí o nome “úmida” –, danificando rapidamente os fotorreceptores e causando queda súbita e acentuada da visão.

Quais são os sintomas?

As fases iniciais da degeneração são assintomáticas. Depois, como explica Michel Farah, oftalmologista do H.Olhos, unidade Centro Oftalmológico São Paulo, os sintomas mais comuns são a perda da nitidez, com baixa visão de detalhes, e a distorção da imagem (metamorfopsia).

“A pessoa olha uma linha reta e vê ondulada, mesmo sabendo que é reta (vertical ou horizontal). Então, é uma distorção da imagem real”, exemplifica.

Fonte: Estadão

Foto: Divulgação/Web