Pedro Laurentino lança "Sentinela da Aldeia" dia 23 no Sebo Cultural, em João Pessoa

Pedro Laurentino lança “Sentinela da Aldeia” dia 23 no Sebo Cultural, em João Pessoa

Por Edmilson Pereira - em 4 anos atrás 747

Etimologicamente falando, “Aldeia” se refere à lugarejo, monte, aldeamento; assim como “Sentinela” indica alguém encarregado de vigilância, proteção ou custódia de algo; Poeticamente falando temos aqui: “Sentinela da aldeia”. A poesia é livre de conceitos, funções ou atribuições, muito embora, paradoxalmente, possa abranger tudo isso em sua cadeia semântica.

 Recebi com muita honra o pedido do Poeta Pedro Laurentino para apresentar seu livro que ora vem a lume; logo na porta de entrada o Poeta deixa vestígios do que encontraremos em sua “Aldeia” “Reescreva Poeta/ teus passos/ pichando as paredes podres/ com as tintas do teu desastre”.

 Do poema “Versos derradeiros” eu destaco este excerto : ” …Ai fico e não termino” São meus versos /verdadeiros/ aos bravos de Teresina”.

 Sabendo que Laurentino é um poeta ciente de seu ofício e que suas lutas são perceptíveis e indissociáveis de seu labor literário, não tenho dúvidas da força, das denúncias, da indignação… que iremos encontrar nas páginas a seguir, transmutadas em poesia, vide uma dessas assertivas no trecho do poema transcrito abaixo: ” Não, não ensinarei a rezar/ a minha prece é a indignação/ o conflito, a procura”.

Nenhuma palavra é neutra. Desde que o homem desenvolveu a oralidade, a palavra, além de outras atribuições, é instrumento de relações e diálogos entre sistemas, classes e grupos e a linguagem poética também não poderia prescindir de sua função social, política e cultural, ferramentas muito bem manejadas por Laurentino. A exemplo disso veja-se os poemas: -Crepúsculo -O milagre do amor próprio -Mínimo -Pretos do tuiuti -balas trocadas -perambulando -matando gente -gari.

Lançar poesias nestes tempos áridos, incertos e de muitas barbáries é contribuir para perpetuar o código sensível na espécie humana; precisamos da arte e de seus símbolos como escudo e como lança contra as intempéries da vida. Em o “Guardador de rebanhos” Alberto Caeiro diz:” Da minha aldeia, vejo o quanto de terra se pode ver do Universo”. De sua “Polis” o Poeta Pedro Laurentino, debruça o olhar sobre o mundo, e não poderia passar incólume por “Aleppo” ” O Sangue de Aleppo/ as crianças de Aleppo/ os cegos, os civis/ os restos mortais de Aleppo”. Mas também representa, fala e testemunha o sofrimento ou a bonança de sua Aldeia; louva os rios de sua terra, os amores, as dores, “as lições do pai”; dá voz aos oprimidos e dialoga com outros grandes vates à exemplo de Carlos Drummond de Andrade e Mário Quintana.

 A Aldeia de Laurentino pode ser vista como um inventário dos caminhos percorridos, as vivências, percepções e sensações, assumindo uma posição autêntica diante dos aspectos sociais, políticos e culturais. A crítica social, os dilemas existenciais, a representatividade são algumas das matérias primas de seus versos e o que temos em mãos é um livro que congrega toda a experiência de um poeta guardião de suas vivências e memórias ao longo da história. Já dizia meu conterrâneo Nauro Machado: “Ser poeta é duro e dura e consome toda uma existência” .

Encerro com o trecho do poema “Divagações ao acaso” Pedro, Pedro, não há solução, mas revolve tua poesia pra marcha não ser em vão” Com toda a minha admiração a este bravo poeta!

Luiza Cantanhêde. Poeta, autora dos livros: ” Palafitas e Amanhã, serei uma flor insana.(Penalux)