
Negócio lucrativo: Crime organizado lucra mais com combustível e bebida do que com cocaína no Brasil, aponta estudo
Por Edmilson Pereira - Em 2 meses atrás 1172
O crime organizado no Brasil já movimenta mais dinheiro com a venda irregular de combustível, ouro, cigarro e álcool do que com o tráfico de cocaína, segundo revela estudo divulgado nesta quinta-feira (09), pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A expansão de atividades criminosas para setores formais da economia é responsável por perdas fiscais na casa dos bilhões e pela ampliação do poder político dos criminosos.
De acordo com o estudo “Rastreamento de Produtos e Enfrentamento ao Crime Organizado no Brasil”, as organizações criminosas movimentaram R$ 146,8 bilhões em 2022 com a comercialização de combustível, ouro, cigarros e bebida. A movimentação financeira do tráfico de cocaína no mesmo período foi estimada em R$ 15 bilhões.
Trata-se do primeiro estudo feito no Brasil a registrar o impacto do crime organizado na economia formal e aos cofres públicos do País. Segundo o novo trabalho, as facções criminosas começaram a investir em produtos do mercado formal para lavar o dinheiro do tráfico de drogas, mas logo perceberam as vantagens financeiras e políticas de diversificar seus negócios.
“Inicialmente, essas mercadorias começaram a ser exploradas para lavar o dinheiro da droga, mas acaba gerando uma receita tão grande que a droga deixa de ser o negócio mais rentável, ainda que não deixe de ser o principal”, explicou o diretor-presidente do FBSP, Renato Sérgio de Lima. “O tráfico de droga permite o controle de territórios e, sobretudo, das rotas do comércio ilegal na Amazônia e no Mato Grosso do Sul.”
O estudo analisou o impacto do crime na comercialização de combustível, ouro, cigarro e bebidas, mas há pelo menos outras 18 atividades econômicas do mercado formal nas quais as facções criminosas têm grande protagonismo, caso do setor de transportes, do mercado imobiliário e da pesca.
Entre os quatro mercados formais estudados, o que registra a maior movimentação financeira é o de combustíveis e lubrificantes, com um total estimado de R$ 61,5 bilhões. O crime já está presente em praticamente todos os elos da cadeia: da produção ao posto de gasolina, passando por refino, transporte e logística.
“É um movimento muito grande, inacreditável; estamos cientes do problema e já alertamos as autoridades”, afirmou o presidente do Instituto Combustível Legal, Emerson Kapaz. “Estimamos R$ 14 bilhões por ano em sonegação e outros R$ 15 bilhões em fraudes operacionais, sem falar no prejuízo ao empresariado e à população de forma geral.”
Kapaz explicou que já existem diversas iniciativas junto aos governos e também na área das taxações para mitigar o problema, mas lembra que, “cada vez que a gente fecha uma porta, eles (os criminosos) abrem outras quatro”. Ainda segundo Kapaz, é preciso conscientizar o consumidor.
Fonte: Estadão
Foto: Divulgação/Web