ELEIÇÕES: Pandemia põe saúde no foco da campanha para as eleições 2020

ELEIÇÕES: Pandemia põe saúde no foco da campanha para as eleições 2020

Por Edmilson Pereira - em 4 anos atrás 442

A cada quatro anos, a saúde é tradicionalmente apontada por eleitores como a área a ser priorizada por candidatos a comandar os 5.570 municípios brasileiros. Pesquisa Ibope divulgada pelo jornal Estadão mostra que 33% dos paulistanos apontam a saúde como a sua maior preocupação.

Nas eleições 2020, a pandemia de covid-19 torna ainda mais urgente a demanda por propostas que reduzam a fila por exames, consultas com especialistas e cirurgias de menor complexidade – uma atribuição da Atenção Primária, sob o comando de prefeituras.

O Ministério da Saúde aponta uma queda de 16,3% nesse tipo de atendimento de janeiro a julho deste ano se comparado ao mesmo período do ano passado. Segundo levantamento, todos os 31 procedimentos considerados padrão pelo Sistema Único de Saúde (SUS) tiveram redução. Foram pouco mais de 6 milhões – uma diferença de 1,16 milhão em relação a 2019.

Na prática, a prioridade dada pelas redes de saúde de todo o País ao tratamento de pacientes infectados com o novo coronavírus fez com que o SUS retrocedesse ao menos 12 anos na prevenção de doenças por meio de atendimentos eletivos. Em 2008, primeiro ano da série histórica disponível para consulta, foram feitos 6,3 milhões de procedimentos padrão.

No caso de cirurgias de mama, por exemplo, o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou 12.003 procedimentos neste ano. Em 2016, entre janeiro e julho, haviam sido 19.880. A queda também é acima da casa de 30% em cirurgias de visão e do aparelho digestivo.

O retrocesso no número de cirurgias é acompanhado pelo total de consultas com especialistas, que antes registrava ligeiro aumento ano a ano, mas que caiu diante do coronavírus. Foram 188,4 mil atendimentos em 2020, contra 218,6 mil em 2016.

Na contramão, a pandemia forçou os municípios a ampliarem o número de leitos clínicos de suas redes hospitalares, elevando ainda os custos do sistema e deixando uma herança para os futuros governantes.

Logo que assumirem, prefeitos eleitos terão de organizar vacinação

Ela ainda não está disponível no Brasil, mas quando um dos modelos em teste receber aval da Anvisa para ser aplicado em território nacional, milhões e milhões de doses de vacina contra a covid-19 vão atender a população nas redes públicas municipais. Apesar de a lei que criou o SUS afirmar que as competências são concorrentes entre os entes da Federação, são os municípios que, historicamente, têm assumido essa atribuição.

Isso quer dizer que os prefeitos e prefeitas eleitos em novembro terão não só a responsabilidade de organizar esse atendimento como convencer a população a aderir à campanha. Vale ressaltar que ainda não há uma determinação judicial que obrigue adultos a se vacinarem.

O presidente Jair Bolsonaro tem declarado publicamente que não pode obrigar os cidadãos a se protegerem da covid-19, mesmo se tratando de uma doença contagiosa. O desencontro de informações provocado pelo presidente – que já classificou a doença como uma “gripezinha” e afirmou que isolamento social é para os “fracos” – vai exigir dos prefeitos e secretários municipais de saúde liderança e credibilidade durante o processo.

Professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ligia Bahia destaca que a vacina precisará estar à disposição da população no maior número possível de locais. Nos postos de saúde, mas também nas escolas, igrejas, estações de metrô. E as prefeituras terão de convencer as pessoas a se vacinarem. Por isso, segundo ela, os futuros secretários e secretárias de saúde precisarão ser líderes.

Fonte: Paraíba Notícia e o Estadão