Elison Silva

por Elison Silva - 7 anos atrás

TRAGÉDIA: Foram 71 sonhos interrompidos

Um time de uma cidade de pouco mais de 200 mil habitantes, que em 2009 disputava a Série D do Campeonato Brasileiro (o Treze representou a Paraíba no torneio, enquanto o Campinense disputava a Série B nacional), e que em 2016 completava sua terceira temporada seguida na primeira divisão, e vivia seu maior momento, disputando uma final de uma competição internacional.

O sonho era de uma cidade, de um clube, de uma comissão técnica, de atletas. E era também de quem de profissionais da crônica esportiva, que cresceram junto com o clube, e sem dúvida também estavam vivendo seu sonho.

Independentemente do resultado da decisão da Copa Sulamericana, o sonho estava sendo vivido, e o final com certeza seria era feliz. Mas quis o destino que esse final não chegasse, e que o sonho se transformasse em um pesadelo sem fim, em uma tragédia que nunca será esquecida, a maior da história do futebol.

Pra quem milita na crônica esportiva, como eu e alguns companheiros que estamos engatinhando na área, nossos sonhos provavelmente são os mesmos que companheiros de Chapecó estavam vivendo. Acompanhar o crescimento de um clube de uma periferia do futebol, vê-lo virar GIGANTE e fazer história.

Muita gente não entende o desespero, a dor, a comoção e o sentimento de inconformismo com tamanho acontecimento. Diz que aviões caem de vez em quando e que não há tanta repercussão. “É só futebol”.

Sim. É só futebol. É só futebol que nas últimas décadas tem conseguido despertar o sentimento de humanidade e acabar com as diferenças, pelo menos durante alguns momentos, no mundo inteiro. É só futebol que é capaz de parar uma guerra (matéria do GloboEsporte.com), é só futebol que consegue iniciar uma campanha de desarmamento em meio a guerra civil e fazer um povo devastado sorrir e festejar (Jogo da Paz, no Haiti – Wikipédia), é só futebol que fazem clubes argentinos esquecerem da rivalidade e oferecer jogadores gratuitamente a um clube brasileiro (matéria da ESPN).

É só futebol que faz com que clubes do mundo inteiro façam um minuto de silêncio em homenagem a companheiros de profissão, sem julgamento de cor, religião, nacionalidade, posicionamento político (matéria da ESPN). É só futebol que faz com que grandes monumentos mundiais se pintem de verde em homenagem a 71 pessoas que representavam um time de uma cidade de 200 mil habitantes.

É só futebol que faz o humano se sentir humano por alguns instantes. É só futebol que é tão grande que não dá pra mensurar o seu tamanho, tão grande como a dor sentida nesse inesquecível 29 de novembro de 2016. Só futebol.

Como alguém falou no Twitter, “Pra quem não gosta de futebol, é a morte de pessoas. Pra quem gosta, é a morte de pessoas da família”.

É só futebol que faz um baque gigante desse sirva como alavanca para que a gente não desista dos nossos sonhos, assim como os heróis que partiram estavam fazendo.

    No tags created.