Elison Silva

por Elison Silva - 9 anos atrás

O legado das intervenções no futebol paraibano

A alternância de poder é sempre boa para a democracia, desde que escolhida pelo povo, obviamente. Quando a coisa passa para o campo do golpismo ou da Justiça, costuma dar problema.

No futebol paraibano, essa regra não teve exceção.  Em 2014, a Justiça decidiu tirar Rosilene Gomes da presidência da Federação Paraibana de Futebol, cargo que ela ocupava desde 1987. Muita gente comemorou. Uma Junta Administrativa foi colocada à frente da entidade antes de serem convocadas novas eleições.

A realização do pleito foi feita com sucesso, e Amadeu Rodrigues venceu Coriolano Coutinho, e é o mandatário da FPF pelos próximos anos. O problema é o que a Junta deixou para a nova administração.

Um Campeonato Paraibano que tem uma fórmula totalmente sem sentido. Cada time joga dezoito vezes em uma fase de pontos corridos. Ao seu final, dois são rebaixados e os quatro primeiros se classificam para um quadrangular final, também em pontos corridos. Um formato que necessita de várias datas, e nem a emoção das semifinais e finais tem.

Além disso, o calendário mal elaborado vai fazer o torneio durar da metade de janeiro até a metade de junho, quando pelas datas da CBF deveria começar no início de fevereiro e ir até o começo de maio.

Com pouca receita, já que o torneio é muito pouco rentável, os clubes acumulam dívidas e passam dificuldades para pagar despesas, entre elas com atletas e funcionários. A nova diretoria da Federação ainda aumentou o valor da cota de televisão para os clubes, e os isentou de algumas taxas, como a de arbitragem, mas o massacrante e interminável calendário minimiza o benefício das ações.

Ainda em 2014, no mês de dezembro, o Auto Esporte, clube tradicional do futebol paraibano, passou por eleições para definir seu novo presidente. Acácio Moreira venceu, mas a pedido do ex-mandatário Edvaldo Travassos, a juíza Andreia Ximenes anulou o pleito.

Em janeiro, Watteu Rodrigues foi escolhido para comandar o Auto Esporte em novas eleições. Novamente o ex-presidente entrou na Justiça, e em março foi determinada uma intervenção no Clube do Povo.

A insegurança administrativa no alvirrubro de Mangabeira afastou patrocinadores que já haviam acertado com o clube, que ficou “refém” de um dinheiro que dizem que foi prometido pela Prefeitura de João Pessoa, mas não tem nenhum contrato firmado com a mesma.

Sem grana, o Auto perdeu o ótimo treinador Jazon Vieira e vários jogadores que não aguentavam mais a situação de não receber salários, que já se arrasta por quase três meses, e a quase certa classificação para o quadrangular final do Paraibano agora ficou difícil de acontecer.

Neste mês de abril, a juíza Andreia Ximenes fez um levantamento dos sócios aptos a participar de mais um pleito no clube automobilista, que deve ocorrer no dia 4 de maio. Detalhe curioso é que Edvaldo Travassos, responsável por anular as duas eleições anteriores, não está em dia e não poderá votar ou ser votado no pleito.

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