Banco Central Americano eleva taxa de juros dos EUA em 0,75 ponto, maior aumento desde 94
Por Edmilson Pereira - em 2 anos atrás 487
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) decidiu elevar a taxa dos Fed Funds em 75 pontos-base, para a faixa entre 1,50% e 1,75% ao ano, em comunicado divulgado nesta quarta-feira (15). É a maior elevação desde 1994.
A decisão não foi unânime, pois a presidente da distrital de Kansas City, Esther George, votou por 50 pontos-base.
Até a semana passada, um aumento dessa magnitude era visto como pouco provável pelo mercado. Porém, após o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de maio mostrar taxa mensal de 1% e anual 8,6%, ambas acima do consenso de analistas, as apostas para uma elevação em 75 pontos-base ganharam fôlego.
Contudo, elas se tornaram majoritárias e quase unânimes na noite de segunda-feira (13), após repórteres do Wall Street Journal e da CNBC apontarem que dirigentes do Fed poderiam considerar uma elevação em maior intensidade para tentar reancorar as expectativas.
O Fed também decidiu elevar a taxa de juros paga sobre saldo de reserva para 1,65%, decisão que entra em vigor a partir desta quinta-feira (15), e a taxa de desconto e 75 pontos-base, de 1,00% para 1,75%.
Aumentos futuros
O Comitê Federal de Mercado Aberto do Federal Reserve antecipou que novos aumentos na taxas de juros serão apropriados.
“A inflação permanece elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços mais altos de energia e pressões mais amplas sobre os preços”, diz o comunicado. “A invasão da Ucrânia pela Rússia e os eventos relacionados estão criando uma pressão ascendente adicional sobre a inflação e estão pesando sobre a atividade econômica global. O Comitê está altamente atento aos riscos inflacionários”, completou.
Diante desse cenário, o Fomc assegura que continuará monitorando as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas. “O Comitê estaria preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado caso surjam riscos que possam impedir a consecução dos objetivos do Comitê”, destacou.
Inflação
A mediana das projeções do Federal Reserve para a inflação nos Estados Unidos medida pelo índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) foi mista nos cenários estimados pela instituição, de acordo com as projeções atualizadas.
Para 2022, a mediana subiu de 4,3% em março para 5,2%, enquanto a de 2023 caiu de 2,7% em março para 2,6% agora. Em 2024, passou de 2,3% a 2,2%. Para a inflação no longo prazo, a estimativa foi mantida em 2,0%.
Com relação ao núcleo da inflação nos EUA, para 2022, a mediana subiu de 4,1% em março para 4,3%, enquanto a de 2023 avançou de 2,6% em março para 2,7% agora. Em 2024, foi mantida em 2,3%.
Projeções para o núcleo do PCE no longo prazo não são coletadas.
PIB
Os dirigentes do Fed alteraram as projeções para o crescimento dos Estados Unidos nos próximos anos, na comparação com as estimativas divulgadas após a reunião de política monetária de março.
Para 2022, a mediana das estimativas de crescimento da economia americana caiu de 2,8% em março para 1,7% agora. Para 2023, a projeção foi de 2,2% a 1,7%. E para 2024, de 2,0% a 1,9%.
Próximos anos
Em meio à resiliência da inflação e do endurecimento do tom das políticas monetárias mundo afora, os dirigentes do Federal Reserve passaram a prever juros bem mais altos nos próximos anos.
Para 2022, a mediana para a taxa dos Fed funds em 2022 subiu de 1,9% em março para 3,4% agora. Para 2023, a projeção foi de 2,8% a 3,8%. E para 2024, de 2,8% a 3,4%. No longo prazo, o consenso dos dirigentes aponta para Fed funds a 2,5%, de 2,4% em março.
2022
Dentre os 18 membros do Federal Reserve que participaram da reunião de política monetária desta semana, 13 acreditam que a taxa básica de juros nos EUA estará entre 3% e 3,5% até o fim de 2022, com oito dirigentes prevendo juro na faixa entre 3,25% e 3,50%, enquanto outros cinco projetam que a taxa dos Fed funds estará no patamar de 3,00% e 3,25% após o encontro de dezembro do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).
Na reunião de março, a última em que o Fed atualizou suas projeções, apenas um dirigente esperava juro de 3% ou mais, e a maioria previa algo em torno de 2% a 2,75% como apropriado. A mudança nas expectativas ocorre em meio à resiliência da forte inflação nos EUA e consequente aperto monetário mais agressivo pelo Fed.
Para 2023, sete dirigentes esperam que os juros estejam entre 3,5% e 3,75%, quatro preveem taxa básica de 3,75% a 4,00% e outros quatro enxergam o patamar de 4,00% a 4,255 como adequado. Apenas um dirigente prevê juro entre 2,75% e 3%, mais um espera algo na faixa de 3,255 e 3,50%, e outro membro do Fomc vê juro de 4,25% a 4,5% até o fim do ano que vem.
Para 2024, há ampla gama de expectativas, mas oito das 18 previsões indicam juro na faixa de 3,25% a 3,5%. Para o longo prazo, 13 dirigentes apostam em juro de 2,25% ou 2,5%.
Fonte; Paraíba Notícia e Agência Estadão