Falta de quórum em jantar mostra que Lula vai ter trabalho para fazer aliança com MDB em 2022

Falta de quórum em jantar mostra que Lula vai ter trabalho para fazer aliança com MDB em 2022

Por Edmilson Pereira - em 2 anos atrás 358

O ex-presidente Lula em jantar com Veneziano Vital do Rego, Walter Alves e Isnaldo Bulhões

O jantar com caciques do MDB, servido como prato principal de Luiz Inácio Lula da Silva em sua rodada de conversas nesta semana em Brasília, acabou esvaziado. O evento na noite de quarta-feira ocorreu na casa do ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB-CE), que não conseguiu se reeleger e deve tentar em 2022 voltar à capital como deputado federal.

A expectativa era a de que Lula se encontrasse com cerca de 10 caciques, mas houve uma sequência de ausências. Aliado declarado do ex-presidente, Renan Calheiros (MDB-AL) avisou que só volta a conversar com o petista após a conclusão da CPI da Covid. O senador Eduardo Braga (MDB-AM), que também integra a comissão, foi pelo mesmo caminho e preferiu não ir.

O ex-presidente José Sarney se ausentou porque a mulher, Marly, está hospitalizada. E o governador Ibaneis Rocha (DF) ficou enciumado porque Lula apareceu com o rival Rodrigo Rollemberg (PSB) dias antes. Também não apareceu o ex-senador Romero Jucá (MDB-RR).

Não que as faltas sinalizem que o partido tomará distância de Lula em 2022. Mas a facilidade com que os emedebistas abriram mão do encontro com o petista, mesmo ele sendo o mais bem colocado nas pesquisas, mostra que uma aliança com o MDB de hoje é mais complexa do que com a sigla que ocupou a vaga de vice de Dilma Rousseff em 2010 e 2014.

Algumas das principais estrelas do MDB de 2021 nem foram convidadas para o jantar de Eunício, a exemplo de Simone Tebet (MDB-MS), tratada como potencial candidata do partido à Presidência. A senadora defendeu o impeachment de Dilma em 2016 e, em seu estado, o bolsonarismo tem forte apelo.

O presidente da sigla, Baleia Rossi, tem base eleitoral no interior paulista, região de influência do agronegócio e que também pende a Bolsonaro. No Rio Grande do Sul, MDB e PT estão em lados opostos, assim como na capital paulista.

Por isso, dentro do partido, há quem tenha considerado “equivocada” a tentativa de Lula de promover uma comunhão política neste momento. A falta de definições nos estados e a complexidade dessa aliança são temas que, pelo vocabulário dos próprios políticos, ainda demanda uma longa construção.

Fonte: Paraíba Notícia e o Globo