Estudo conduzido por cientistas brasileiros indica que CoronaVac tem baixa ação neutralizante contra cepa de Manaus

Estudo conduzido por cientistas brasileiros indica que CoronaVac tem baixa ação neutralizante contra cepa de Manaus

Por Edmilson Pereira - em 3 anos atrás 498

A variante brasileira do coronavírus pode “escapar” dos anticorpos produzidos pela CoronaVac, vacina contra a covid-19 desenvolvida pela farmacêutica Sinovac. É o que mostra um estudo, ainda preliminar, publicado nessa 2ª feira (1º) na área de pré-prints (artigos que ainda não foram revisados por outros cientistas) da revista científica The Lancet.

A CoronaVac é produzida no Brasil pelo Instituto Butantan e é o principal imunizante usado na campanha de vacinação brasileira.

O estudo foi conduzido por cientistas brasileiros. Eles coletaram o plasma de 8 participantes da última fase de testes da CoronaVac, que receberam as duas doses do imunizante há 5 meses.

Os pesquisadores testaram a atividade neutralizante dos anticorpos presentes nas amostras contra a P.1, a cepa identificada em Manaus (AM). A variante, que foi detectada pela 1ª vez em dezembro, já está presente em pelo menos 17 Estados do Brasil.

Os cientistas também testaram a atividade neutralizante contra a linhagem B, a mais comum no Brasil antes do surgimento da P.1. Eles observaram que o nível de anticorpos capaz de proteger contra o vírus foi mais baixo para a P.1, ficando abaixo do limite da detecção no exame.

Segundo os pesquisadores, a diferença não deve ser vista como estatisticamente significativa, uma vez que a amostra de voluntários é pequena e o nível de neutralização em ambos os casos era “bastante baixo”.

Ainda assim, “os resultados sugerem que a P.1 pode escapar de anticorpos neutralizantes induzidos por uma vacina de vírus inativado”, como a CoronaVac.

O estudo verificou também a resposta do sistema imunológico de pessoas que já contraíram a doença à nova cepa. Os pesquisadores analisaram o plasma de 19 indivíduos que foram contaminados com o coronavírus antes do surgimento da P.1.

Eles constataram uma diminuição de 6 vezes na capacidade de neutralização dos anticorpos contra a variante brasileira em comparação com a linhagem B.

Os dados sugerem que a linhagem P.1 é capaz de escapar das respostas de anticorpos neutralizantes gerados por infecção prévia por Sars-CoV-2 e, portanto, a reinfecção pode ser plausível com variantes com mutações na proteína spike”, declararam os autores da pesquisa.

Uma dose extra da vacina, atualizada para a variante, pode ser necessária para interromper a transmissão da nova cepa, alertaram os pesquisadores.

O Instituto Butantan afirmou que “realiza estudos próprios em relação à variante identificada no Amazonas”. Segundo a instituição, os resultados devem ser conhecidos nos próximos dias.

O importante, neste momento, é que a população siga se vacinando, conforme a disponibilidade do imunizante na rede pública e os esquemas vacinais adotados pelos gestores”, disse o Butantan.

Maior Carga Viral

Um estudo, também sem revisão, feito pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) indica que um adulto infectado com a variante de Manaus tem uma carga viral –quantidade de vírus no corpo– 10 vezes maior em relação a uma infecção por outras variantes.

Segundo a pesquisa, a carga viral mais acentuada da P.1 torna a mutação mais transmissível que as demais. Isso porque quanto mais vírus o indivíduo tiver nas vias aéreas mais ele o expelirá, seja por meio de tosses, espirros e até na fala.

Eis a íntegra, em inglês (4 MB).

Fonte: Paraíba Notícia e https://microsoftnews.msn.com/