Decisão de Bolsonaro por instalar escritório em Jerusalém agrada setores econômicos

Decisão de Bolsonaro por instalar escritório em Jerusalém agrada setores econômicos

Por Edmilson Pereira - em 5 anos atrás 963

Já esperada por entidades ligadas a setores econômicos, a decisão do presidente Jair Bolsonaro de abrir um escritório de representação comercial em Jerusalém – e não uma embaixada, como havia prometido na campanha – foi avaliada como positiva, em especial por minimizar possíveis estragos. A medida é um “meio-termo” encontrado pelo governo brasileiro para não decepcionar israelenses e, ao mesmo tempo, assegurar boas relações com o mundo árabe, com quem o país mantém maior volume de negócios.

O risco de retaliações econômicas por parte de países árabes – grandes compradores de frango e carne bovina do Brasil – preocupou a ala militar do Palácio do Planalto e representantes do agronegócio. Para José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a decisão anunciada em Israel “corrigiu um grande equívoco”.

– No fundo, no fundo, foi uma saída diplomática para uma decisão política anunciada de forma antecipada e indevida, que agora está sendo corrigida por linhas tortas. Israel é apenas o 65º país de destino das exportações brasileiras, portanto tem pouquíssima expressão do ponto de vista econômico. O que se poderia temer eram os reflexos nas relações com os árabes. Na prática, agora, não haverá nenhum impacto econômico – ressaltou Castro.

No Rio Grande do Sul, o coordenador do Conselho de Comércio Exterior e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), Cezar Müller, disse que a entidade ainda não avaliou os possíveis impactos para o empresariado gaúcho, mas saudou a medida.

– O que identificamos de forma positiva é que o Brasil mudou sua postura. Nos últimos anos, se fechou muito para novas economias e oportunidades de negócios. O novo governo se posiciona de forma muito mais aberta para buscar novas oportunidades. Esse escritório tem o grande objetivo de aumentar e difundir as relações comerciais dos país. Não creio que haja qualquer tipo de retaliação _ concluiu Müller.

Presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), Rubens Hannun também considerou positiva a solução anunciada. Conforme dados da entidade, em 2018, as exportações brasileiras para os 22 países da Liga Árabe somaram US$ 11,5 bilhões, em açúcar, frango, minério de ferro, carne bovina e grãos. O comércio com o mundo árabe cresceu cinco vezes nos últimos 20 anos, e a Câmara estima haver potencial para levar as exportações brasileiras a US$ 20 bilhões nos próximos quatro anos.

– Abrir um escritório de representação comercial é uma boa medida. Não altera o equilíbrio que o país vinha mantendo. Da nossa parte, vamos continuar buscando fortalecer ainda mais as relações do país com o mundo árabe – declarou Hannun.

Embora o premier israelense, Benjamin Netanyahu, tenha classificado o anúncio de Bolsonaro como “o primeiro passo para a abertura de uma embaixada em Jerusalém”, Hannun disse não acreditar que o desejo se concretizará.

– Ele vai continuar trabalhando para que isso aconteça, mas o Brasil deve continuar na condição de equilíbrio – disse Hannun.

Fonte: Redação e Zero Hora