Valter Nogueira

por Valter Nogueira - 5 anos atrás

Mudança de rumo

O mestre Maquiavel presenteou a humanidade com lições políticas atemporais. Entre outras, e numa tradução livre, podemos dizer que o mestre lembra-nos que ‘poder’ não se entrega; quem quiser que o tome. O motivo desse intróito é para dizer – ao menos penso assim – que a esquerda brasileira erra – assim como erra, também, o presidente Bolsonaro – ao insistir nas discussões e ações como se todos estivessem, ainda, na campanha eleitoral de 2018. Esta, aliás, só pra lembrar, passou faz 11 meses.

É preciso mudar o discurso, mudar atitudes, mudar o rumo, como forma de formatar estratégias para as futuras campanhas eleitorais. O pleito de 2018 – repito – , passou; quem venceu governa e, quem perdeu, fica na oposição, mas esta tem que ser feita de forma competente, responsável e, até mesmo, propositiva. E tudo deve começar, acredito, já em 2020, com as eleições municipais.

Da forma que age e pelo andar da carruagem, Jair Bolsonaro é presidente de um mandato só. Ou seja, só agrada a meia dúzia de simpatizantes, aqueles que estão com ele desde o início. Por outro lado, penso que fazer uma oposição raivosa levará a esquerda do nada a lugar nenhum, o que abrirá espaço para partidos ou candidatos mais moderados, na próxima eleição presidencial.

O presidente Bolsonaro não terá – nem ele nem seu indicado, caso decida apoiar outra candidatura – os votos conquistados no último pleito, até porque 70% do total dos sufrágios por ele recebidos, em 2018, não os pertenciam de fato, vieram de eleitores que, declaradamente, não queriam mais o PT no governo e, por esse motivo, viram no candidato do PSL perspectiva real de derrubar os petistas nas urnas. E a maioria destes já esboça arrependimento, o que levará a votar em novos quadros.

Trocando em miúdos, Bolsonaro não era, na realidade, o candidato da maioria do povo brasileiro. Foi, à época, o candidato possível. E, ao que tudo indica, e a mediar pela direção em que sopra os ventos, grande parte do eleitorado responsável pela eleição do atual presidente migrará para outras vertentes, em 2022.

Por essa razão, urge, aos partidos políticos que desejam tomar – ou retomar – o poder em 2022, redirecionar estratégias e forças com vista às próximas eleições, montar a base já no pleito do próximo ano, como forma de conquistar mentes e corações do eleitorado brasileiro, em vez de insistir em discursos de disputa vazia, como se estivessem, ainda, no pleito anterior. É preciso mirar o futuro, mudar o rumo.