Valter Nogueira

por Valter Nogueira - 4 anos atrás

Mandetta sai mais forte

O presidente Jair Bolsonaro cumpriu, nesta quinta-feira (16), apenas – e tão somente – , um protocolo já anunciado. Isto é, fez o anúncio oficial da demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, cujo brilho ainda ofusca o chefe da Nação.

De personagem desconhecido, Mandetta sai do governo mais forte do que entrou. Vira figura carimbada no cenário político e administrativo nacional, festejado pela maioria do povo brasileiro.

A projeção de Mandetta deve-se, é bem verdade, ao grande e competente trabalho que ele acaba de concluir à frente do Ministério da Saúde, especificamente nas ações de combate e prevenção à Covid-19.

Todavia, Mandetta deve agradecimento ao presidente Jair Bolsonaro que, com atitudes equivocadas, o ajudou a se projetar. Caso fosse astuto, o Capitão não teria “implicado”, ao menos de início, com as recomendações do médico.

Afinal, a pandemia é uma questão de Saúde Pública. Qualquer cidadão, por mais simples que seja, sabe que, ante um problema de saúde, é recomendável procurar um médico e não um economista.

Em uma guerra em que o inimigo comum é um vírus letal, o presidente Bolsonaro, de forma impensada, decidiu abrir outra frente de batalha, incentivado pela vaidade – ou por ciúme doentio; só ele pode brilhar.

Assim como o fez quando era Capitão do Exército, onde enfrentou processo na Justiça Militar, por insubordinação, o agora presidente Bolsonaro decidiu, em meio à pandemia, não seguir às orientações médicas.

Mau exemplo

Em canto nenhum do Planeta se vê carreata contra o isolamento social, independentemente da posição do chefe da nação.  Presidentes como Donald Trump (Estados Unidos) e Giuseppe Conte (Itália) se posicionaram contra o isolamento, a princípio. Mas, depois, voltaram atrás – qual o problema?

Mesmo quando estavam contra o isolamento, ninguém viu Trump ou Conte sair às ruas sem máscara, cumprimentar pessoas, promover aglomerações.

Último Ato

Com espírito beligerante, o capitão – que não chegou a general – não quer admitir a derrota; perdeu terreno nessa queda de braço, enfrenta queda de popularidade e perda de eleitores. Enquanto isso, viu à ascensão de Mandetta.

Não deu outra, era preciso demitir o ministro. E assim o fez!

Resultado: panelaço na cara – ato que, agora, conta, também, com o apoio de muitas pessoas que votaram nele. Prova disso foi atestada com imagens de panelaços em bairros de classe alta de São Paulo e Rio de janeiro – as duas maiores cidades do país.

Pelo andar da carruagem, Bolsonaro é presidente de um mandato só.