por Valter Nogueira - 4 anos atrás
Jampa: candidata à metrópole
A cidade de João Pessoa parece se encaixar no que denominamos de “vocação tardia’. Até pouco tempo, a pequena Felipéia tinha cara e ares provincianos; o tempo parecia não passar e, o futuro, não chegar. Por muito tempo, assistiu inerte ao crescimento de outras capitais do seu porte, na região Nordeste.
No início da década de 1990, o município contava com pouco mais de 490 mil habitantes. Hoje, passados 30 anos, é candidata à metrópole. Há quem aposte que a Capital está próxima de alcançar a marca de 1 milhão de residentes, o que pode ser confirmado no senso deste ano – se tiver.
Por vezes, em saudáveis encontros com amigos, sempre no final de tarde, no tradicional Ponto de Cem Réis, escutei alguns intelectuais discorrerem sobre o assunto. E uma questão era recorrente: como a cidade cresceu tanto?
O jornalista e escritor Gonzaga Rodrigues (cronista da cidade) sempre enfatizou que João Pessoa não tem vocação para o comércio. Muitos concordam e vão além, ao afirmar que a Capital é uma cidade de servidores públicos.
Mas, afinal, o que fez a cidade acordar, o que sacudiu a Capital? Entre os intelectuais, escutei algumas ponderações, o que merece atenção:
Política de governo – A política social promovida pela então primeira dama, Lúcia Braga, no início dos anos 80, incentivou a vinda de centenas de pessoas do interior do Estado para a Capital. Esse contingente povoou diversos conjuntos residenciais, tais como Geisel, Valentina Figueiredo e Mangabeira.
Sede de Governo – O fato de ser Capital, sede dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, também é outro dado apontado por alguns.
Localização – A cidade está localizada no litoral; praias e belas paisagens atraem pessoas, são um convite ao veraneio.
Educação – Muita gente do interior, com certo poder aquisitivo, adquiriu imóveis em João Pessoa, como forma de permitir aos filhos melhor formação educacional; poder estudar na Capital. Esse dado trouxe mais pessoas à cidade e, também, contribuiu para alavancar o setor da construção civil local.
Turismo – Também de forma tardia, a explosão do turismo na cidade contribuiu para o crescimento da Capital. Com o advento da internet, cidades pequenas puderam se mostrar para o mundo, sem a necessidade de gastar fortunas com propagandas na ‘Grande Imprensa’, sediada no Centro-Sul do país.
O segmento atrai turistas e, por conseguinte, empresários do setor hoteleiro, o que contribui, também, com setores da construção civil, comércio e serviço.
Em resumo, uma séria de fatores contribuiu para o crescimento e desenvolvimento da cidade.
Curiosidade
Conheci, certa vez, um casal paulista que decidiu viver em João Pessoa. Casados há algum tempo, o homem e a mulher eram servidores públicos de um órgão federal. Batalharam e conseguiram transferência para Jampa; estavam fugindo do caos e da violência inerentes a grandes centros urbanos.
A questão me inquietou, o que me levou à pesquisa e à produção de uma reportagem. Era 2004, João Pessoa tinha pouco mais de 700 mil habitantes.
Resultado: Foi constatado que cerca de 70 mil pessoas, de outros estados, tinham fixado residência em João Pessoa, entre aposentados, autônomos e servidores públicos federais. Esse número, à época, representava 10% da população local.
E por aí vai…a cidade não para de crescer.