Valter Nogueira

por Valter Nogueira - 4 anos atrás

Guerra & Paz

Guerra e paz é o título de um famoso livro de autoria do renomado escritor russo, Liev Tolstói. Mas é, também, o título de dois painéis pintados pelo grande artista plástico brasileiro, Cândido Portinari, expostos na entrada do prédio-sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque.

O título, meio que paradoxal, tem muito a ver com a realidade que vivemos hoje, no mundo, especialmente no Brasil, ante à pandemia do novo Corona Vírus.

No Brasil, a pandemia parece ter reaquecido um fato que estava frio, adormecido, havia algum tempo, mas não morto. Isto é, a volta do enfrentamento – mais acirrado – entre o grupo de pessoas admiradoras do presidente Jair Bolsonaro e a ala que faz oposição ao governo – tudo isso regado a panelaços.

O estopim foi o isolamento social. Depois, a demissão do ministro da Saúde, Henrique Mandetta, seguida da saída do ministro Sérgio Moro – realidades que geraram uma segunda crise, desta vez, política.

É permitido a um presidente da República tomar partido frente à determinadas situações. Porém, o que vai pesar sobre o posicionamento de um chefe de nação são as atitudes, o comportamento. Enfim, o modo de agir diante de tais situações– já disse isso em artigo anterior.

Nesse cabo de guerra, em razão de atitudes equivocadas, penso que o Capitão perdeu terreno por ter insistido em marchar na contramão da história, ao se posicionar contra a Ciência e a técnica. A maioria quis o isolamento social.

Giro pelo mundo

Em canto nenhum do Planeta se viu um presidente fazendo campanha aberta contra o isolamento social, mesmo aqueles que, a princípio, se posicionaram contra a quarentena.

Donald Trump (Estados Unidos) e Giuseppe Conte (Itália) se posicionaram contra o isolamento, a princípio. Mas, voltaram atrás – qual o problema?

Mesmo quando estavam contra o isolamento, ninguém viu Trump ou Conte sair às ruas sem máscara, cumprimentar pessoas, promover aglomerações.

Crise política

O ex-ministro Sérgio Moro pediu demissão do cargo, na última sexta-feira (24), acusando o presidente Bolsonaro de querer interferir na Polícia Federal, entre outros atos não republicanos.

Em pronunciamento feito à Nação, o presidente negou as acusações. Só o tempo e as investigações futuras dirão quem fala a verdade.

Mas o fato é que, no momento, o país enfrenta duas crises. E, na esteira das controvérsias, a popularidade do presidente despenca.  Pela primeira vez na série de pesquisas realizadas pela consultoria Atlas Político, a maioria dos entrevistados (52%) é favorável a um processo de impeachment contra Bolsonaro.