Valter Nogueira

por Valter Nogueira - 4 anos atrás

Crime & Investigação

Em um evento de nível internacional, realizado no Tribunal de Contas do Estado, em 2016, um palestrante afirmou que “não há crime perfeito, mas sim mal investigado”. Isto é, se houver dedicação e condições (sem interferências) é possível em tempo razoável se chegar ao autor de um crime.

Corrupção e Lavagem de Dinheiro Público foi o tema do evento. A partir das explanações, ficou evidente que há inúmeras formas de desviar o erário. Porém, há duas formas   clássicas: a direta e a indireta. Isso, claro, quanto ao modo de se colocar a mão no dinheiro, literalmente.

A forma direta ocorre quando o dinheiro desviado chega, em espécie, à mão do gestor – por meio de envelopes, caixas, sacos etc. Já o meio indireto é mais sofisticado, quanto à técnica. Se dá quando o corrupto não pega nas cédulas, mas se beneficia do ilícito por meio de terceiros – denominados “laranjas”.

De posse do dinheiro, os “laranjas” pagam contas pessoais de seus ditos “chefes”. O valor desviado serve, também, para aquisição de imóveis e bens de valor. Há casos, ainda, em que o numerário é utilizado para pagar honorários de advogados contratados pelo próprio gestor ou por familiares deste.

Vantagem

Despreocupado em botar a mão no bolso para pagar suas contas, o corrupto tende a enriquecer de forma aparente honesta. Isso porque ele pode poupar o salário mensal; investir em ações, imóveis etc.  Exemplo recente ocorreu no caso que levou à prisão o ex-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão.

Em oito anos, Pezão fez apenas 11 saques de pequeno valor em suas contas bancárias, segundo a Polícia Federal. No mesmo período, caíram em suas contas créditos referentes ao salário e a outras vantagens do cargo.

O curioso é que Pezão pagava contas, fazia compras e fechava negócios com pagamentos em dinheiro vivo.

Dinheiro sujo

De volta ao evento do TCE, conferencistas informaram que, após concluído o desvio, o ilícito entra na segunda etapa: “lavagem do dinheiro”. A expressão surgiu a partir da constatação do fato de que o dinheiro adquirido de forma ilícita é sujo. Portanto, deve ser “lavado” para se tornar, aparentemente, limpo.

De posse do dinheiro desviado, o corrupto tende a abrir uma empresa com o objetivo de tornar legal o que é ilegal. E, também, obter lucro. Mais à frente, irá “argumentar” que o patrimônio adquirido é fruto do sucesso do negócio.